Imagine um estudante de Astronomia do primeiro ano, que ao invés de se dedicar com afinco ao conteúdo do curso, e ao que os professores têm a ensinar, insiste em confrontar uns e outros, afirmando que o Sol, a Lua, e as estrelas, todos presos em Esferas Celestiais Transparentes, giram em órbita da Terra. O estudante rejeita com vigor tudo o que a Ciência acumulou de conhecimento, em especial nos últimos 200 anos. Confrontado com fotografias da Terra vista do espaço, ou de imagens produzidas pelo Hubble, rejeita-as como falsificações produzidas pela maior conspiração da história. Consequentemente o estudante ao final do período letivo só conseguiu notas baixas (zero) em todas as matérias e ser objeto de escárnio dos colegas. Mas para a surpresa de todos, aparece na semana seguinte, em jornais, revistas, programas de auditório, blogs, etc., “denunciando” ter sido alvo de perseguição pelos professores do Instituto de Astronomia, devido ao fato dele defender a Teoria do Geocentrismo como “alternativa” ao Heliocentrismo, o que, segundo ele seria uma violação da sua “liberdade acadêmica”. Como ele tem apoio inclusive financeiro de grupos com relativa influência política, o caso ganha uma repercussão desproporcional, e o moleque vira celebridade. Nos meses seguintes sua história já está em livro e em película, e o ex-estudante se torna um palestrante remunerado, pregando para congregações país afora.
Absurdo? Pois é, mas como a vida com frequência consegue ser mais absurda que a ficção, algo similar acontece, não na Astronomia ou na Física, mas na Biologia. Falo, é claro, dos Criacionistas, que insistem em tentar traficar religião como ciência, e diante da justificada e unânime rejeição dos cientistas, posam de “perseguidos pelo sistema”, como, aliás, já falei aqui.
Assim é que, como me chama a atenção o Lelec, o blog O Tempora! O Mores! conduzido por três autointitulados calvinistas, critica (em texto de Solano Portela) o filósofo ateu Daniel Dennett por, em entrevista à Força Serra Presidente Folha de São Paulo, ter afirmado que os ateus estariam mais ou menos na mesma situação que os homossexuais nos anos 1950, uma minoria perseguida. Para ele o que ocorre é justamente o contrário, são os ateus, a quem chama de “raça”, que perseguem sem trégua os religiosos tolhendo-os em sua justa liberdade religiosa. Exemplo disso no Brasil parece ser o PL 122/2006 que classifica como “heterofóbico”, aqui ecoando a posição de inúmeros grupos religiosos contra o projeto. Pois evidentemente um projeto de Lei que visa punir
crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero
é uma grave ameaça à família (se aprovado todo o mundo vai imediatamente sair por aí fazendo sacanagem), e à liberdade religiosa, que obviamente inclui meter o bedelho na vida privada dos outros. Ora, onde já se viu? Então não é de espantar a celeuma levantada pelo projeto.
Mas, continuando com a vaca fria, do que é que Dennett está falando afinal? Creio que convém ver na integra o trecho da entrevista em que Dennett toca nesse ponto, pondo suas palavras no contexto correto (algo que criacionistas tem certa dificuldade em fazer):
…Nos EUA, acho que houve uma mudança clara nos padrões de expressão pública. Hoje é muito mais comum ouvir as pessoas dizerem abertamente que não acreditam em Deus, que elas são “sem deus”. Pesquisas recentes mostram que esse é o grupo que mais cresce na população. E, toda vez que alguém se declara abertamente, que se sente encorajado a dizer isso, a atmosfera fica um pouco mais limpa, e a vida fica um pouco mais fácil para outras pessoas.
Ainda há enormes áreas do país onde, se você disser que não acredita em Deus, vai perder seus amigos, seu negócio. Nesse ponto, os ateus estão mais ou menos na mesma posição em que estavam os homossexuais nos anos 1950, ou seja, se você admitir que pertence a esse grupo, sua vida está arruinada.
Temos de mudar isso. Temos de fazer com que seja possível para um morador do “Cinturão da Bíblia” [as áreas mais religiosas dos EUA, nos Estados do Sul e do Meio-Oeste] dizer com toda a franqueza: “Bem, você pode ter sua religião, se quiser, mas eu não sou religioso” e ser respeitado mesmo assim.
O destaque em negrito acima é meu, e em itálico o trecho que é citado no post
Fica claro que Dennett está falando da situação nos EUA especificamente, pois embora pareça exagerada sua comparação, há inúmeros exemplos de que existe um problema real, como a notória declaração de G.W. Bush Sr, de que ateus não deveriam ser considerados cidadãos nem patriotas, a virtual impossibilidade de um candidato declaradamente ateu vencer eleições majoritárias, e até casos graves de violência e assédio moral, como o sofrido pela família Smalkowski depois que sua filha Nicole foi expulsa do time de basquete da escola (pública), por se recusar a participar da “Oração ao Senhor” coletiva antes de cada jogo, e depois dos responsáveis descobrirem que ela e toda a família eram ateus. Portanto, embora a comparação feita por Dennett possa ser discutível, o problema a que se refere não é.
Mas como, além de desconsiderar as alegações de Dennett, o calvinista se impôs a tarefa de demonstrar que o que ocorre é o contrário, e não havendo casos como o da família Smalkowski com o sinal trocado (exceto talvez em regimes totalitários) à mão, ele usa de um sofisma barato equiparando Criacionismo à Religião (em especial sua versão do cristianismo), e tentando mostrar como na verdade são os malvados cientistas ateus que perseguem os criacionistas (religiosos), coitados:
perseguidos, ridicularizados, escorraçados e expulsos das comunidades acadêmicas, independentemente de suas contribuições ao progresso do conhecimento e da ciência.
Bem, que criacionistas são sistematicamente ridicularizados onde quer que apareçam é algo indisputável. Já que eles tenham “contribuições ao progresso do conhecimento e da ciência” não é nem que seja discutível, é cascata pura e simples. Bullshit. Não existe pesquisa ou trabalho científico reconhecido da lavra de criacionistas, sejam os clássicos jovem-terristas, sejam os mudernos ditos do Design Inteligente. Ao invés de produzirem pesquisas e trabalhos científicos, e publica-los nos periódicos especializados (peer-reviewed), em suma ao invés de produzirem Ciência de verdade, dedicam-se a esforços de relações públicas. Como a tal lista de “Cientistas” “Dissidentes” do “Darwinismo” (como se “darwinismo” fosse uma ideologia, o que é falso, da qual dissentiram, o que também é falso), que circula há mais de uma década, da qual 99% ou não é cientista de fato, no sentido de ter uma produção científica reconhecida, ou simplesmente não é do ramo, ou ambos. Há engenheiros (de todas as especialidades), químicos, pediatras, matemáticos, de tudo um pouco, o que falta são biólogos especializados em Biologia Evolutiva, e que tenham trabalhos publicados em literatura especializada. Ora o que diabos um monte de engenheiros teria a dizer sobre Evolução que alguém tivesse interesse em ouvir? É mais ou menos como pedir para o seu dentista dar um parecer sobre uma tomografia do cérebro.
Ciência não é feita a partir de abaixo-assinados, campanhas políticas, e índices de popularidade. Ciência é feita através do exame de hipóteses e teorias por pesquisas que produzam resultados, reconhecidos através de publicação em periódicos especializados. É nesses periódicos, e em encontros científicos (congressos, seminários, conferências, colóquios, etc.) que ocorrem os debates reais, sobre questões verdadeiramente científicas. Em 150 anos os Criacionistas não foram capazes de produzir Ciência digna desse nome, apenas repetem sempre e sempre as mesmas objeções, já refutadas ad nauseam, e sempre e sempre prevendo o colapso próximo do “darwinismo”. E sempre e sempre em publicações e fóruns não especializados. Assim, a alegação de que os criacionistas são alvo de perseguição pela academia, apesar das “suas contribuições ao progresso do conhecimento e da ciência” é flagrante e demonstravelmente falsa. Em outras palavras uma mentira. Os criacionistas não tem espaço na academia porque suas alegações não tem mérito acadêmico, científico, não porque sejam “perseguidos” por alguma conspiração maléfica com propósitos inconfessáveis.
Basta ver o filme “Expelled”, para constatar o que está realmente ocorrendo na academia
O pseudodocumentário “Expelled – No intelligence allowed” é um tedioso exercício de quote minning audiovisual. Uma peça de propaganda criacionista que tenta vender a ideia de que acadêmicos estariam sendo perseguidos, cerceados em suas atividades por defenderem a Teoria (sic) do Design Inteligente. Figuras como Guillermo Gonzalez, astrônomo a quem foi negado, pela Iowa State University (ISU), o termo de estabilidade no emprego (tenure) que pleiteava. O filme alega que a tenure teria sido negada devido ao apoio de Gonzalez ao DI, contudo, a tenure (que representa o auge mas não o fim da vida acadêmica) não é concedida fácilmente, exigindo um histórico extraodinário de pesquisa, publicações e obtenção de financiamento. E embora tenha sido um astrônomo prolífico entre fins dos anos 1990 e início dos 2000, o fato é que sua produção caiu sistemáticamente durante seu período na ISU. Outro “perseguido” é Richard Sternberg, que na condição de editor não remunerado do Proceedings of the Biological Society of Washington, publicou fraudulentamente, violando os protocolos de aceitação de trabalhos, um artigo pro-design inteligente de Stephen C. Meyer, e nem por isso teve sua “vida praticamente arruinada”, como alega. Ainda há David Coppedge um especialista em computadores empregado do Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA, que foi apenas rebaixado de posto por fazer proselitismo religioso no local de trabalho, em franca violação à política interna da empresa. Ele está movendo uma ação contra o JPL por suposta violação da sua liberdade religiosa, e de expressão. Aparentemente a liberdade religiosa além de incluir o direto de insultar e discriminar pessoas, também abrange o “direito” de violar normas corporativas. Durma-se com um barulho desses! Por fim o blog calvinista aponta o caso de Bryan Leonard e sua tentativa de engabelar o sistema para obter um Doutorado, através de uma banca cuja composição além de violar as regras do curso, era composta por defensores e simpatizantes do DI.
E esses são alguns dos criacionistas “perseguidos” pelos malévolos ateus.
Além disso, a alegação de que cientistas religiosos são marginalizados, perseguidos por serem crentes, também fica insustentável quando sabemos de inúmeros cientistas sérios e respeitadíssimos entre seus pares, e que são ao mesmo tempo religiosos devotos. Pessoas como Kenneth Miller, Francisco Ayala, Francis Collins, entre outros. Mas a julgar pela retórica usada pelos calvinistas do O Tempora! O Mores! em outros posts, talvez isso não seja lá muito convincente, pois provavelmente esses cientistas, na sua visão, não seriam verdadeiros crentes, mas hereges, apóstatas, papistas (como o católico Miller), indignos de consideração, portanto. Não deixa de ser um pouco assustador ver esses adjetivos empregados hoje em dia com tanta sem cerimônia, pois num passado não muito distante, esses termos serviam de senha para condenar pessoas à tortura e à morte na fogueira.
Outro tema central de Expelled, entre outros absurdos e deturpações, é o velho meme criacionista de que Darwin e a ciência da Evolução levaram diretamente ao Nazismo, com todas as suas consequências, inclusive e especialmente o Holocausto, o que também é totalmente falso. A ponto da própria Liga Anti Difamação, judaica, emitir uma declaração contra semelhante ultraje:
The film Expelled: No Intelligence Allowed misappropriates the Holocaust and its imagery as a part of its political effort to discredit the scientific community which rejects so-called intelligent design theory.
Hitler did not need Darwin to devise his heinous plan to exterminate the Jewish people and Darwin and evolutionary theory cannot explain Hitler’s genocidal madness.
Por outro lado, já que estamos entre cristãos protestantes reformadores, vejamos o que tinha a dizer sobre os judeus, ninguém menos que o cara que começou a Reforma Protestante, Martin Lutero em 1543, 3 séculos antes de Darwin:
Em primeiro lugar, queimem-se suas sinagogas e suas escolas, e cubra-se com terra o que recusar-se a queimar, de modo que homem algum torne a ver deles uma pedra ou cinza que seja. …
Em segundo lugar, recomendo que suas casas sejam também arrasadas e destruídas. …
Terceiro, recomendo que todos os seus livros de oração e obras talmúdicas, nos quais são ensinadas tais idolatrias, mentiras, maldições e blasfêmia, sejam tirados deles…
Quarto, recomendo que seus rabis sejam de agora em diante proibidos de ensinar, sob pena de morte ou da amputação de algum membro. …
Quinto, recomendo que o salvo-conduto para o livre-trânsito nas estradas seja completamente negado para os judeus. …
Sexto, recomendo que sejam proibidos de emprestar a juros, e que todo o dinheiro e peças de ouro e prata sejam tomados deles e colocados sob custódia. …
Sétimo, recomendo que se coloque um malho, um machado, uma enxada, uma pá, um ancinho ou um fuso nas mãos dos jovens judeus e judias, e deixe-se que eles ganhem o seu pão com o suor do seu rosto, como foi imposto sobre os filhos de Adão (Gênesis 3:19)…
Familiar? Pois é, liberdade religiosa é isso aê.
Mas, enfim, essas e outras alegações, distorções, e calúnias do filme são extensivamente documentadas e rebatidas pelo site Expelled Exposed: Why Expelled Flunks, criado e mantido pelo National Center for Science Education.
Resta curioso que pessoas tão soberbamente seguras da superioridade da sua fé, além da liberdade secular de que desfrutam, dos incontáveis livros apologéticos que publicam, dos jornais, rádios, programas de TV, blogs, web sites, e tudo o mais, ainda sintam a necessidade de possuir o rótulo de Ciência. Pena que não busquem alcança-lo por meios legitimamente científicos, preferindo a fraude e a maledicência.
Republicado no Bule Voador em 19/08/2013.
Atualizado com algumas correções à partir de sugestões do Gabriel Freitas, em 19/08/2013.
O Lelec tinha me passado esse link também. À noite volto aqui pra ler com calma teu post 😉
Tchamos aê! 🙂
Lelec é um dos caras que eu mais respeito na blogosfera, junto com meu colega Zé Costa do Typhis Pernambucano, e que belo post ele encontrou, esse dos calvinistas.
Serve pra lembrar como essa gente costuma fazer o que for preciso, mesmo ir contra preceitos de sua própria fé, na tentativa de rechaçar qualquer coisa contrária ao que eles e imaginam ser “a grande e inquestionável verdade”.
Belíssimo post o seu, parabéns.
Valeu Thiago! Estamos às ordens.
[]’s
Pô Thiago, valeu pelo elogio! Saiba que a recíproca é verdadeira. Aliás, você anda muito sumido, moço. Ainda está em Portugal?
Gato PC: Parabéns pelo post. Ficou excelente. Obrigado mesmo por ter atendido ao meu pedido. E desculpe-me pela demora em lhe responder, mas a semana foi braba.
Há muitas maneiras de se atacar o criacionismo, de tão furado que é.
Poderíamos lembrar que o evolucionismo (tal como os princípios da termodinâmica) é aceito por pessoas de diferentes religiões (cristãos, judeus, agnósticos, budistas, etc), pois é um construto teórico que independe da crença da pessoa, que não precisa da crença para existir como paradigma. O criacionismo, por sua vez, só é aceito por fanáticos cristãos (na maior parte das vezes, evangélicos). Isso porque a condição sine qua non para se defender o criacionismo é a crença metafísica e a crença na infalibilidade das escrituras. Nunca se viu um budista criacionista (ao menos, não nos termos do criacionismo bíblico), ao passo que há budistas (e hindus, wiccas, etc) evolucionistas.
O que mais me irrita é quando os criacionistas invocam elementos científicos para contestar a evolução, trazendo à tona, sei lá, um bichinho que tem um comportamento que os evolucionistas não conseguem explicar. Até aí tudo bem, é assim mesmo que fazem os cientistas. Mas, quando evolucionistas usam o mesmo princípio científico para contestar o criacionismo, aí os teístas se exasperam e refutam o argumento lógico. Não dá para engulir essa parcialidade, essa falta de coerência.
Há ainda uma discussão na qual os criacionistas sucumbem inapelavelmente: a questão filosófica, epistemológica. O criacionismo não atende aos preceitos epistemológicos de uma teoria científica. Não é falseável e, por isso, não é testável. E, como diz Popper, uma teoria que não pode ser testada não é uma boa teoria. O criacionismo explica porque insetos têm três pares de patas (“Deus determinou”), mas a explicação seria a mesma se insetos tivessem oito pares de patas. Uma justificação que explica um resultado e também o seu exato oposto não é uma boa explicação.
Por outro lado, o criacionismo não oferece qualquer valor preditivo, enquanto que qualquer teoria científica supõe a previsão de resultados, o que pode ser experimentalmente testado. O princípio da seleção natural nos permite prever, por exemplo, a resistência bacteriana a antibióticos. Que tipo de previsão de resultados o criacionismo oferece? Nenhuma.
Por fim, o evolucionismo pode até vir a ser descartado pela comunidade científica. Mas só o fará se houver um outro construto teórico que seja falseável, coisa que o criacionismo não é.
Grande abraço e muito obrigado!
Léo
PS: Vale muito a pena ler os escritos de Maurício Tuffani sobre o assunto. Ele é especialista em filosofia da ciência:
http://www2.unesp.br/revista/?p=893
E, em um registro muito menos erudito, deixo um texto meu:
http://aterceiramargemdosena.opsblog.org/2008/12/27/criacionistas-de-confusao/
Oi Leo!
Sou eu quem agradeço.
Inclusive pelos últimos links. Achei o Tuffani meio condescendente demais com a tchurma do DI, mas interessante contudo. Devo, inclusive meter o bedelho nos comentários lá na Revista da UNESP, ou em post próprio.
Eu concordo com você em relação à esse aspecto irritante dos criacionistas. É incrível a empáfia desse pessoal. Não sabem distinguir uma equação de segundo grau de uma função de onda, mas saem a deitar falação sobre a 2ª Lei da termodinãmica, como se fizessem a mais remota idéia do que estão falando!
É de fuder!
[]’s
Oi Felino,
Eu entendo que há várias frentes de debate com os criacionistas. Uma delas é a argumentação científica, em que vêm à tona temas como idade da Terra e evolucionismo. A maior parte do debate se situa nesse ponto. Como a maioria dos criacionistas é ignorante nesse domínio, o debate rapidamente degringola. Nesse cenário, a estridência de um Dawkins cai bem.
Outra frente de debate, contudo é a fundamentação filosófica da ciência vs criacionismo. O debate aqui é mais restrito a um grupo de intelectuais. Neste debate, entendo que a virulência contra o interlocutor não é razoável, pois os debatedores não são ignorantes (o Prof. Eberlin não é um ignorante) e sabem se situar melhor na conversa. Nesse front, creio que a cordialidade do Tuffani é necessária.
Abraço
Leo
Eu vejo um pouco diferente. Não é uma questão de ser cordial, no sentido de cortês. De um lado há um caso científico sólido, do outro não. Não dá para ser “imparcial”, como se houvessem dois lados com igual mérito em disputa. Não se trata de um debate sobre política econômica, ou tributária, compreende?
Inclusive acho que o Prof. Eberlin justamente porque não é ignorante, pelo contrário, é um acadêmico, professor, tem (deveria ter) uma responsabilidade maior com a honestidade intelectual, e com a verdade, do que um leigo.
Oi Felino,
Você tem razão, não havia pensado nisso: devemos cobrar mais de um cara como o Prof. Eberlin do que dos não acadêmicos. É como no filme do Spiderman: “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”.
Bem, mal aí pela referência pouco erudita, mas era só para dizer que você está certo.
Abraço
Pô qual nada! Eu era fâzaço do Aranha, tinha coleção de gibis e tudo.
A propósito:
http://www.umsabadoqualquer.com/category/darwin/
🙂
[…] A Grande Conspiração dos Cientistas Malvados Contra os Pobres Criacionistas – O Gato Précambriano […]
[…] a ótima crítica do Gato Pré-Cambriano ao texto do Prof. Portela. Como bom felino, ele foi mais ágil do que eu e […]
[…] “O Resgate de Dawkins”. Não posso deixar de recomendar também outro ótimo texto do felino: “A Grande Conspiração dos Cientistas Malvados contra os Pobres Criacionistas” […]
Legal este blog!
Lendo esta discussão, lembrei de um vídeo simplemente assuntador que vi na semana passada, no qual o Ministério da Educação e ciência da Macedônia defende simplesmente… o “retorno” da religião ao ensino.
Já viu?
Oi Gabriel
Grato pelo comentário.
Eu não conhecia o vídeo, mas já conhecia essa historinha apócrifa envolvendo Einstein. Uma das muitas que há. Lamentável saber que seja parte de uma campanha do governo da Macedônia.
Nossa! É deplorável a intolerância de pessoas como o autor deste artigo. E depois os criacionistas não tem razão de alegar perseguição. Ora, os criacionistas são criacionistas porque são religiosos? E os evolucionistas, em sua maioria, ateus, não estão também vinculando sua crença à sua concepção científica?
Oi Roney
Tudo bem?
Porque? Não são? Você mesmo, Roney, que tem um blog religioso e é fundador de um Instituto Bíblico não é justamente um exemplo disso?
Acho que você escreveu o contrário do que queria dizer não? Vincular suas crenças e eventualmente modificá-las de acordo com os novos dados decorrentes do progresso do conhecimento científico é a atitude correta e racional. Mas isso é exatamente o contrário do que fazem aqueles que tem, ou julgam ter, “fundamentos inabaláveis”.
Grato pelo comentário.
[]’s
Olá, obrigado pela atenção à minha resposta e pela sua resposta também. O que quis dizer é que assim como somos taxados por associar nossa convicção cristã ao nosso posicionamento em questões científicas, os evolucionistas o são então tanto quanto nós, uma vez que sendo ateus em sua maioria (é o que dizem) naturalmente não vão associar a idéia de um Deus pessoal à origem do Universo e origem do homem e outras questões. Resumindo: nos acusam de algo que eles mesmo fazem. Somos fundamentalistas religiosos? Eles são fundamentalistas ateístas! E em relação aos meus “fundamentos inabaláveis”, quero esclarecer que são fundamentos bíblicos, não científicos, uma vez que ciência hoje não é a mesma ciência de amanhã, como todos sabemos. Em relação a mudar de postura mediante novas descobertas ou novos dados, concordo com vc quando diz que essa é a atitude correta, mas sinceramente não vi ainda na ciência nada que me leve a abandonar a minha fé e a Palavra de Deus. O que vejo é uma ciência fundamentalista, fechada ao debate acadêmico e que não aceita uma segunda opinião ou possibilidade, como é o caso do Design Inteligente.
OK Roney
Uma coisa de cada vez.
Você reconhece então que a posição criacionista, incluindo o Design Inteligente, se fundamenta na religião, e não na Ciência? É o que está implícito na equivalência (falsa eu diria) que você estabeleceu. O seu argumento não é que o Criacionismo/DI tem fundamento científico e, portanto, é injusto dizer que ele decorre de uma posição religiosa. O seu argumento é de que a Ciência e os cientistas também fazem isso, que as teorias científicas seriam uma consequência do ateísmo dos cientistas. Neste caso eu não preciso mostrar que o Criacionismo/DI não tem base científica, apenas que a Ciência a tem, mas eu preciso que isto fique claro antes de prosseguir, ok?
Caro colega, ainda não! O que estou dizendo é que tanto um lado quanto o outro tendem a crer em teorias compatíveis com sua crença pessoal, ou vice-versa. Isto é fato. Olha só o Dawkins! O cidadão é um ateu militante, mas um bom biólogo evolucionista. É claro, ele não representa todos, mas vemos isso em muitos cientistas ou porque não dizer, na comunidade científica. Mas também não seria incorreto dizer caro colega (ainda não sei seu nome) que como no caso do DI (não o confunda com o criacionismo), uma teoria mesmo sendo de fato científica pode sim ter implicações religiosas. Afinal, não é papel da ciência discutir religião, mas avaliar os dados, a despeito da sua implicação religiosa, o que não acontece em relação ao DI. É por isso que eu disse no começo da nossa conversa que somos sim discriminados.
Oi Roney
Primeiro, meu nome está aí em cima, bem acima de “Oi Roney”
Segundo, eu não concordo com você de que ambos os “lados” tenderiam a crer em teorias compatíveis com suas crenças pessoais, muito menos de que isto é um “fato”. O que ocorre na verdade é que um “lado” tem um caso científico sólido, e o outro não. E não sou eu quem diz isto. Não é uma opinião pessoal.
Agora, a questão é que quando você coloca as coisas nestes termos, isto é, de teorias serem julgadas de acordo com preferências pessoais, visão de mundo, etc. de cada um, você está admitindo implicitamente (quer o queira quer não) que este é o caso para você. E de que portanto, para você (e por implicação todo o campo do DI suponho), não é um caso científico que está em jogo, mas de “visões de mundo”. Compreende?
Daí então, se você quiser prosseguir argumentando acerca do mérito científico do criacionismo/DI, você precisa abandonar esse argumento. Você não pode ter as duas coisas.
Mesmo. Para que possamos continuar essa conversa, ok?
[]’s
Há algum tempo atrás, caro Eneraldo, o Fantástico apresentou uma matéria em que cientistas evolucionistas afirmavam que o homem tem mais de 90% de seus genes idênticos aos do macaco. O que não foi dito é que eles só analisaram algumas dezenas dos mais de 15 mil genes presentes no organismo humano. Que nome vc dá a isso Eneraldo? Eu chamo de “tendencionismo”, “dados científicos manipulados”. É por isso que reafirmo que há sim um interesse pessoal em determinadas teorias pessoais. Não, não vou abandonar meu argumento, mas fique tranquilo, eu tenho outros.
[…] Publicado originalmente no blog O Gato Pré-cambriano em 18/05/2010. […]
Se desejar Eneraldo, podemos pular de etapa e começar a discutir as evidências científicas – eu do DI e vc do evolucionismo, uma vez que já vi que não vamos chegar a um consenso. Percebo que vc não sabe muito sobre o DI, afinal, dizer que o DI não é teoria com base científica só demonstra o seu desconhecimento do assunto. Será um prazer!
Roney
Olha, eu acho meio complicado usar programas de TV como referência em conversas deste tipo, assim como publicações voltadas ao público em geral, pois ocorrem erros imensos muitas vezes. O bom é buscar referências acadêmicas reconhecidas ou o mais próximo disso, para que as alegações possam ser devidamente verificadas.
Por exemplo, você fala em “genes idênticos aos do macaco“, que é algo que nenhum cientista que se preze diria, pois “macaco“, é um termo relativamente genérico que se refere no sentido estrito
Portanto ‘genes do macaco‘ não faz sentido algum.
Da mesma forma seus números estão bastante equivocados. Os humanos possuímos cerca de 21000 genes, mas isso compreende apenas cerca de 2% do nosso genoma.
E no que diz respeito às comparações entre o genoma humano, e o de outras espécies de primatas, e não-primatas, não é verdade que tais estudos tenham se limitado a “algumas dezenas” de genes.
A título de P.S., gostaria de fazê-lo observar que nessa réplica, assim como no texto principal do blog, há vários links para referências e fontes de dados e informações utilizados. Funcionam não só como nota de rodapé, mas verdadeiro complemento e fundamentação do texto, reduzindo a necessidade de inserir citações às vezes extensas. Eu sugiro que você siga esses links antes de retornar. Infelizmente a maioria senão todos estão em inglês, espero que não seja um problema.
[]’s
Não, não será problema. O Google Tradutor ajuda nisso. Em relação aos genes, eu citei o número de 15 mil sem considerar que eles, em sua maioria são duplicados, o que daria 30 mil. Quanto ao termo “primata”, vc está sendo tendencioso (o que confirma meu argumento), pois “primata” é uma prerrogativa evolucionista.
“Genes duplicados”?! “30 mil?”
Você não sabe do que está falando Roney. De onde você tirou isso?
E a taxonomia antecede a Teoria da Evolução de muito. Você agora está querendo contestar TODA a Biologia dos últimos 200 anos, por baixo.
Bem meu caro Eneraldo, após o seu questionamento sobre genes duplicados, vejo que vale a pena levar avante a nossa conversa (embora o diálogo respeitoso seja sempre válido), pois vejo que vc não tem preparo para discutir esse assunto comigo. Se me permite, vou deixar aqui um vídeo, gostaria de pedir que visse com atenção, pois ele expressa bem o que eu quis dizer no começo da nossa conversa e vc não entendeu.
O link é esse: [REMOVIDO PELO MODERADOR]
Roney
Lá no seu blog, no seu perfil, consta que você é
Portanto quem não tem preparo, em princípio, para discutir esse assunto é você, já que com certeza Biologia e Genética não são lecionadas em cursos de Teologia. Agora, apelo à autoridade nessa altura do campeonato já seria falacioso, então apelo a uma autoridade que não se tem até seria engraçado se não fosse também profundamente desrespeitoso, deselegante, e de uma desonestidade intelectual sem par.
Então você teve a sua chance, Roney, mas em 7 comentários não foi capaz de se engajar com os pontos levantados pelo post, apenas fez assertivas sem fundamento, e sem apresentar um argumento sequer, mostrando total ignorância do assunto, na única vez em que tentou fazê-lo.
Quanto ao seu vídeo, ele não me interessa, assim como não me interessa dialogar com tolos que tem como referência, fonte de informação científica, reportagens do Fantástico e vídeos do Youtube. Vá ler alguns livros além da Bíblia para se educar (e não só no sentido estrito), e só depois volte aqui. Até lá seus comentários estão em moderação, pois tampouco me interessa te oferecer plataforma.
Ô Roney
Já que você gosta tanto de vídeos, assiste esse aqui que está bem no seu nível:
Engraçado Eneraldo, vc questionou o fato de eu ter citado o programa do Fantástico, que exibiu uma matéria científica (científica!?), e agora me indica esse vídeo? (Fala sério!). O vídeo que eu indiquei para vc não tem esse teor, tem um caráter de questionamento. Sugiro a vc Eneraldo ser mais aberto a pessoas com capacidade intelectual de te questionar; sugiro que vc aceite argumentos e comentários e não os remova para passar a impressão de que vc venceu prevaleceu. Vc, mais uma vez, confirma o que eu disse anteriormente: há evolucionistas que são fechados ao debate acadêmico e são tendenciosos em sua defesa. Seja imparcial! Esse deveria ser o papel da ciência e de pessoas como vc que simpatizam com ela: imparcialidade.
Roney Ricardo
Pela última vez.
Me parece que você não tem familiaridade com os conceitos de ‘sarcasmo’, e ‘ironia’. O vídeo que eu postei como indicado para você foi uma forma irônica, zombeteira, de mostrar que qualquer ideia maluca pode ser apresentada de forma convincente. O Youtube está lotado de vídeos assim, “provando” as “teorias” mais disparatadas. É muito fácil encher um vídeo com as maiores bobagens, mas dá trabalho identificar e desfazer todas elas, de modo que vídeos não são adequados a discussões desse tipo. Mas entendo o apelo que tem para alguém como você (que nem lê em inglês), pois ler e estudar dá muito mais trabalho. (Se, no entanto você se dispuser a ir além dos vídeos legendados do Youtube, e quiser se informar minimamente sobre Evolução, sugiro a leitura de “O maior espetáculo da Terra” de Dawkins.)
Você até o momento não se engajou com nenhum dos pontos apresentados pelo post que está comentando. Você não apresentou argumentos, apenas fez e repetiu afirmações. Isso pode ser um choque para você, mas afirmações tem que ser fundamentadas, fatos tem que vir acompanhados das fontes (muitas não são confiáveis), opiniões tem que ser argumentadas. Eu não tenho que aceitar nada do que você diz porque você diz, ou porque seria “científico”. Palavras não tem poderes mágicos, então não basta você dizer e se achar “preparado”, você tem que mostrar que tem o mínimo de domínio do assunto que se propôs a comentar. É claro que você pode comentar sobre o que quiser, conhecendo o tema ou não, mas então eu não sou obrigado a leva-lo a sério, muito menos aceitar você como um interlocutor aqui, meu tempo é escasso e valioso.
Você fez afirmações que estão erradas, teve seu erro apontado, e não só não o reconheceu como não disse de onde tirou a “informação” quando solicitado a tal. Ao invés, adotou uma postura arrogante e desdenhosa, o que, dado que você é demonstravelmente ignorante no assunto, adicionou o insulto à injúria. Você foi insultuoso, e intelectualmente desonesto, e enquanto não se desculpar por isso, não poderá mais postar aqui. De fato, meu próximo passo, dependendo da sua resposta, será mover você para o anti-SPAM, e futuras postagens suas irão direto para o lixo sem que eu as veja, pois não tenho tempo a perder com imbecis.
Bye Roney